sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Primavera, bonganvílea, três-marias...

Primavera

Nomes populares: Primavera, bonganvílea, três-marias

Família: Nyctaginaceae

Espécies: Bouganvillea glabra; B. spectabilis e B. hybrida

Alguns leitores podem estranhar o fato da tão conhecida "Primavera" ser a árvore do mês. De fato, esta bela planta brasileira é cultivada normalmente para ornamentar pérgolas e arcos de entrada, sendo conduzida como uma trepadeira. A escolhemos por ser muito conhecida, por estar florida nesta época e porque tem uma história interessante quanto a sua descoberta e batismo. No artigo anterior colocamos muitos nomes científicos que acreditamos ter dificultado a leitura. Para os biólogos ou profissionais afins, os nomes científicos não assustam tanto quanto para o público em geral. Creio ser apenas uma questão de hábito e familiaridade com estes nomes. Assim, torna-se necessário frisar que estes nomes não precisam ser decorados e podem ser abstraídos facilmente na leitura. Geralmente os nomes são atribuídos a quem descobriu estas plantas, ou para lembrar algum aspecto da morfologia ou da distribuição geográfica das espécies.

No caso da Primavera, quem primeiro a coletou foi Louis Antoine de Bougainville, almirante francês que navegou em volta do mundo entre 1767 e 1769. Reza a história que este francês, pirata segundo as más línguas, teria se encantado com esta singular planta que ocorria nas serras do Rio de Janeiro. Desta forma, coletou alguns exemplares que foram levados à Europa e ofertados ao Rei Luís XIV, assim difundidas pelo cultivo por todo mundo. Uma amostra destas plantas encontra-se depositada no Museu de Paris sendo a primeira referência formal a esta planta brasileira. Bonganville foi homenageado pela descoberta, tendo a bela planta ofertada ao Rei recebido o seu nome latinizado: Bouganvillea, ou planta de Bouganville. O segundo nome, glabra, refere-se ao fato da planta não possuir pêlos nas folhas, lisa ou despida de pêlos, em latim.

De todas as trepadeiras é sem dúvida uma das mais cultivadas nos jardins tropicais do mundo inteiro e também em vasos, nos países frios. Com podas adequadas pode ser cultivada como uma arvoreta ou árvore uma vez obtido um tronco suficientemente forte, dispensando então qualquer tutor. Na verdade este comportamento, chamado de escandente ou "apoiante", é comum para algumas plantas, que crescem "apoiando-se" em outras plantas até conseguir sustento próprio. Através de podas bem conduzidas pode-se "moldar" a Primavera, obtendo praticamente a forma que se quiser da planta. No entanto, salvo na natureza em que ela pode ser encontrada como uma árvore de grande porte, esta forma raramente é observada no Brasil.

Floresce abundantemente na primavera e também no começo do outono, daí o seu nome popular. Na Europa ela floresce em geral apenas na primavera. Três-marias é um nome popular referindo-se às três brácteas coloridas que envolvem pequenas flores verdadeiras. Bonganvílea é outro nome popular que refere-se ao seu nome científico.

A planta de Bonganville possuia flores roxo purpúreo, enquanto outra espécie descoberta posteriormente possui flores avermelhadas, recebendo outro nome, Bounganvillea spectabilis. Destas duas espécies obtiveram-se híbridos e muitas variedades de cor, desde o branco (variedade "branca-de-neve") até o salmão (variedade "orange king"). A espécie B. glabra possui folhas menores, lustrosas e lisas, caules mais curtos, poucos espinhos e floradas mais contínuas. A espécie B. spectabilis é mais vigorosa, possui caules longos com grandes espinhos curvados, folhas maiores e aveludadas. Observe.

Dicas: As Primaveras ou Bonganvíleas preferem solos férteis e ricos em matéria orgânica. Reproduzem-se normalmente por estacas e raramente por sementes. As podas devem ser efetuadas somente entre julho e agosto. Como as podas podem reduzir as floradas subsequentes, convém remover apenas galhos velhos ou mal formados, procurando equilibrar a planta. Pode ser conduzida como trepadeira, sobre pérgolas, muros ou arcos, ou como árvores ou arvoretas através de podas bem orientadas. Uma boa forma pode ser obtida reduzindo-se os galhos compridos a 30 a 40 cm do ramo velho ou tronco, retirando-se os ramos "ladrões" (brotos vigorosos que saem em geral da base da planta diminuindo o vigor da copa). Para aumentar a floração convém adubá-la com um adubo completo após a poda. Em jardins pequenos ou em arcos ou pérgolas únicas convém plantar apenas uma variedade de cor.


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